Quem sou eu? Meus amigos me chamam de Giglio. Ator, diretor do grupo de teatro pRoSCEniUm, dramaturgo, palhaço, poeta, militante eco-socialista. Criado e vivendo em Volta Redonda-RJ.

Todas as poesias, micro-contos, textos teatrais, desenhos, fotos, sons, vozes e filmes são culpa minha. Exceções para trabalhos com alguns fotógrafos e poetas convidados.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

luta de classes
tiro de borracha
crueldade
humanidade
não há
no facismo paulista
crianças
mulheres
gente
tiros
bombas
trator
polícia
reintegração
de posse
naji
nahas
sonegador
especulador
justiça
qual
pra quem

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

as poesias
às vezes
se perdem
no sono
perdi duas
agorinha mesmo
sexta-feira 13
de pesadelo e lágrimas
sensação estranha
me sinto estranha
solitária, enganada
dia ruim
mas ainda bem
existe o sol
existe a poesia
existem um sorriso
que vai brotar
já tá rasgando minha boca
pronto! já nasceu
esse sorriso cresce rápido
se agiganta
se esparrama
pelo dia
e na noite
iluminada pela lua
terei sonhos de borboletas
flores, luzes e alegria
e serei sempre feliz
o rio
esse que mata nossa sede
passa pela ponte
pelas casas
pelas ruas
devolve pra cidade
o lixo que  cidade dá
despreza as pessoas
e passa, alagando
levando coisas e gentes
mostrando como é ser desprezado
e passa apressado
faz a curva e não acaba
recomeça em São Paulo e se enche
com as chuvas de são Pedro
e vai juntando água
pra mostrar pra cidade
que estava ali
sempre naquele lugar
e não queria ser cercado
por tudo de mal
que na cidade há
quero beijar sua boca
tomar dela toda poesia
dar a ela a minha
quente, sedenta de você
e juntando nossas poesias
saborear nossa língua
uma bolha
uma pôia
uma folha
vazia
ingênua
sorriso grande
e branco
e franco
e tanto
bolha que brilha
e voa
pôia que ri inocente
folha para eu escrever
um presente
pra fazer
contente
me fotografa
grafa o tempo
registra o momento
o tormento e o alento
a força e a doçura
a raiva e a candura
que é pra quando
o futuro chegar
a gente lembrar e sorrir
chorar
e viver
eu tenho um afilhado
que é mesmo do riscado
não acredita em dicionário
não usa terno
mas é tão terno
ele paga meia
mas não gosta de resposta
pela metade
entorta a cabeça
da sua mãe
e embaraça o seu pai
e desembaraça o tédio
o nome dele é Victor
que significa vitória certa
certamente como o nome
ele virá, verá e vencerá
mas enquanto isso
vai fazendo perguntas
destilando inteligência
malícia e inocência
dos adultos
critica a incoerência
ele quer se super-herói
quer ser goleiro
quer defender a massa
e comer o pão
na certa vai quebrar
muita vidraça
vai fazer muita graça
não vai fazer pirraça
nem levar
desaforo pra casa
e eu padrinho babão
vou estar sempre por perto
pra lhe dar uma mão
mas acho que nem precisa
meu afilhado Victor não é bobo não
se bobear
faz até revolução

http://victornaoentende.blogspot.com/
sua pele é linda
sua boca excita
explicita
toda palavra
e riso e brilho
e brilha seus olhos
e eu
me encanto, canto
me enamoro
e coro
vejo e
rio
cheio
meu bairro
no caos
no escuro
lá fora
rua deserta
galhos no chão
fios arrebentados
sirenes e alarmes
vento como nunca se viu
defesa civil
puta que pariu
que vento foi esse

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

o poeta fala
grita o que lhe vem
às mãos
ao coração
vai soltando
gotas palavrórias
que regam folhas
brancos papéis
cinzas muros
almas verdes
vermelhas bandeiras
sinalizando a vida
a tragédia cotidiana
a comédia divina retumbante
que não cala
os cachorros na rua
depois da ventania
depois dos 100km de varredura
dura chuva e
árvores quebradas
eu os via desorientados
alguns sentados
outros latindo
atônitos, outros
catatônicos
até aqueles com donos
até aqueles seguros
como se o vento
tivesse levado a razão
alguns esperavam seus donos
presos em engarrafamentos
esperando o conserto da ponte
outros esperando 
o fim do tumulto
pra atravessar
enquanto isso
os pés inchados
estavam em outra chuva
no bar
meu coração
palpita por você
vai deinha
ser poeta na vida
vai dar alegria
vai
por ai
na brisa
na hora do chá
na curva
na toca
desentoca
e vai
ai eu passo a madrugada escrevendo 
e troco noite
pleo dia
e jogo a vida
na pia
na cama
quase nunca na rima
mas por aqui
nessa terra minha
terreno fertil
toca antro gueto 
cova de sementes
férteis de aço
e aves
e borboletas azuis
amarelas
me sinto em casa
e durmo o sono dos poetas
e o bafo
de todos aqueles
e aquelas que nos regem

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

lua cheia
casa cheia
boca cheia
de poesia
menina na TPM
tem pena de mim
para de fazer assim
deixa de mágoa
esquece o lamento
para de chorar
e de brigar
tem pena de mim
não faz assim
sorri
deixa eu te dar
um chamego
um abraço
um regaço
não fica assim
já vai passar
dê graças a deus
que esse trem pra malucas
só vem uma vez por mês
um dia uma poeta
me chamou de palhaço
e era elogio não xingamento
palhaço peito de aço
e eu fiquei todo bobo
com aquilo no pensamento
ela é tão bela poeta
e eu tão bobo palhaço
bela, singela, ela
tão frágil guerreira
amiga pra vida inteira
lúcida, leve e faceira
francamente se declara
socialista, feminista
tá na cara, na cabeleira
a raça, o dia de sorte
da mulher forte
cheia de graça
minha querida, seu norte
tá debaixo do seu nariz
é contar história e poesia
fazer e ser gente feliz
mulheres frutas eu não como
como mulheres
com peito normal
bunda normal
e tesão fenomenal
gosto de frutas verdes
daquelas que deixam marcas
que não são doces nem amargas
mas a gente se arrisca no pé
pra pegar
pra morder
pra cair
pra se entregar
sinto a falta
de quem nunca tive
da boca que nem beijei
da mulher
que ainda não amei
eu não deixei você no vácuo
foi meu beijo que ficou
como espada sem bainha
astronauta sem gravidade
goiabada sem queijo
minha boca sem a sua
fala que me ama
porque eu te amo
e me desespero
te espero
a mais de ano
diz que me ama
porque eu te amo
e nos amando
vamos levando
preciso de uma poesia
que tenha o ritmo
da minha cabeça
da métrica torta
que passe na porta
sem se abaixar
que entre no quarto
sem dar esperança de sexo
uma poesia rebelde
desavergonhada, independente
que fale palavrão
provoque, enleve
e ande de mãos dadas
com toda a gente
menina na TPM
tem pena de mim
para de fazer assim
deixa de mágoa
esquece o lamento
para de chorar
e de brigar
tem pena de mim
não faz assim
sorri
deixa eu te dar
um chamego
um abraço
um regaço
não fica assim
já vai passar
dê graças a deus
que esse trem pra malucas
só vem uma vez por mês
sexta-feira 13
de pesadelo e lágrimas
sensação estranha
me sinto estranha
solitária, enganada
dia ruim
mas ainda bem
existe o sol
existe a poesia
existem um sorriso
que vai brotar
já tá rasgando minha boca
pronto! já nasceu
esse sorriso cresce rápido
se agiganta
se esparrama
pelo dia
e na noite
iluminada pela lua
terei sonhos de borboletas
flores, luzes e alegria
e serei sempre feliz